Risco de epidemia deixa 48 cidades e a capital em alerta

Dos municípios, sete fazem parte de uma lista do Ministério da Saúde como potencialmente mais sujeitos a uma nova epidemia da doença

Os 49 municípios goianos responsáveis por mais de 70% dos 43.717 casos de dengue registrados em Goiás entre janeiro e o dia 1º de novembro, preocupam a Secretaria Estadual de Saúde pelo risco de nova epidemia da doença. Destes municípios, 7 fazem parte também de uma lista do Ministério da Saúde como potencialmente mais sujeitos à doença. Goiânia e Aparecida estão entre eles. Na capital, a situação ainda é mais preocupante, já que os índices de infestação pelo mosquito Aedes aegypti estão 20% acima do considerado aceitável pelo Ministério da Saúde (MS).

O MS está na fase de conclusão do levantamento que faz diagnóstico das áreas mais vulneráveis à ocorrência de dengue em cidades brasileiras. “A situação na capital pode ficar ainda pior, já que o período de chuvas mais intensas ainda nem começou”, preocupa-se o titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Paulo Rassi.

Durante o mês de outubro, equipes de agentes de saúde percorreram a capital verificando os pontos potenciais de infestação do mosquito. “Os problemas constatados foram os de sempre. Pneus velhos abandonados ao relento, calhas sem o tratamento adequado e caixas d’água sem tampa e os devidos cuidados. Isso é ruim, porque o tempo passa e a população não se conscientiza dos riscos da dengue”, explicou Paulo Rassi.

Já o superintendente de Políticas de Atenção Integral à Saúde, Antônio Wilson Soares de Oliveira, diz que a preocupação da Secretaria Estadual da Saúde (SES) não é apenas com o aumento de casos nas cidades apontadas pelo MS. Segundo ele, há o risco de uma nova contaminação de quem já foi vítima da dengue.

Antônio Wilson explica que, geralmente, quem volta a contrair a doença, infectado por outro tipo de vírus transmissor da dengue, pode apresentar graves complicações, inclusive com poucas chances de cura. Com a volta da circulação em Goiás do vírus tipo 2 - que tinha circulado no Estado há seis anos -, a possibilidade de quem já foi infectado pelo vírus tipo 1 ter novamente a doença é grande.

O tipo 2, aliás, é responsável por preocupação extra na Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS). O titular da pasta, Paulo Rassi, explica que este ano voltou a ocorrer o registro da doença em crianças. “Há alguns anos isso não acontecia. É preciso atenção especial na prevenção à dengue porque o tipo 2 da doença tem morbidade muito grande nas crianças”, explicou.

ListaPor esses e outros motivos, a SES chama a atenção dos administradores públicos e da sociedade para a necessidade de reforço do combate à dengue nesses municípios, que incluem Goiânia. A capital é responsável por quase 51% dos casos de dengue registrados em 2008 no Estado. São 22.210 casos e 7 óbitos por dengue hemorrágica.

Com 5.701 casos da doença, Aparecida de Goiânia também integra a lista dos municípios com maior risco de uma epidemia agravada pela reinfecção da população. Entre os outros 47 municípios estão centros turísticos, como Caldas Novas, Goiás e Pirenópolis, e municípios da região metropolitana da capital e do entorno do Distrito Federal (DF).

Mas, Antônio Wilson alerta que não são somente esses municípios que precisam reforçar o combate à dengue. “Qualquer cidade que não faça a prevenção está sujeita a ter uma epidemia da doença”, observa o superintendente, que vem orientando os municípios que ainda não têm comitês de combate à dengue a implantarem esse serviço. “E aqueles que têm devem fazer esses comitês funcionarem plenamente”, diz.

O receio da SES é que o combate à dengue em Goiás sofra interrupções com o fim do mandato dos atuais prefeitos e a posse dos eleitos. O risco de suspensão desse serviço, condenado em qualquer época, mostra-se ainda mais grave no atual período chuvoso, quando aumenta a ameaça de proliferação do mosquito transmissor da doença e, conseqüentemente, do aparecimento de novos casos.

Atualmente, segundo o superintendente Antônio Wilson, Goiás tem notificado, em média, 60 casos de dengue a cada semana epidemiológica. No início do ano, durante o período de chuvas, esse número chegou a 4 mil casos.