sábado, 7 de junho de 2008

Vexame histórico! Seleção perde pela primeira vez para a Venezuela


Em noite sem inspiração, o Brasil deixa o campo debaixo de vaias

Acredite se quiser! Foi um tropeço histórico. Com um futebol burocrático, sem qualquer inspiração, o Brasil perdeu nesta sexta-feira para a Venezuela por 2 a 0, em Boston, nos Estados Unidos. É a primeira derrota da seleção para o rival sul-americano na história. Eram 17 jogos e 17 vitórias brasileiras no confronto. Nunca havia acontecido sequer um empate.
A grande quantidade de torcedores brasileiros que lotou o Gillette Stadium voltou para casa decepcionada. Mas, antes, as 54 mil pessoas presentes vaiaram bastante a equipe comandada por Dunga. Agora, o Brasil terá dois duelos importantes pelos eliminatórias da Copa de 2010 contra o Paraguai, no próximo dia 15, em Assunção, e contra a Argentina, no dia 18, em Belo Horizonte. Os jogadores voltam dos Estados Unidos e se reapresentam nesta terça-feira para iniciar os treinamentos na Granja Comary, em Teresópolis.

O chamado trio de ouro - Robinho, Alexandre Pato e Adriano - não levou o menor perigo para a Venezuela. E durou apenas 45 minutos. A seleção só melhorou quando Diego entrou no intervalo. Mas não foi suficiente para buscar o empate.

Venezuela com pinta de Brasil

No primeiro tempo a impressão era que os times entraram em campo com as camisas trocadas. A Venezuela, com toques rápidos e envolventes, parecia ter mais a cara do futebol verde-amarelo. E o Brasil, sem criatividade e errando muitos passes, estava com jeito de país do segundo escalão do futebol sul-americano.

Aos cinco minutos, a surpresa. Após um escanteio para a seleção brasileira, a Venezuela saiu rápido em contra-ataque. Vargas deu um ótimo passe para o atacante Maldonado, que apesar de estar sozinho contra três defensores brasileiros, partiu livre em velocidade. E na saída de Doni deu um toque sutil por cima do goleiro para marcar: 1 a 0. E pela primeira vez na história de um jogo oficial, a Venezuela saía na frente da seleção brasileira.

Dunga aproveitou a partida para fazer experiências. Trocou nove jogadores em relação ao time que venceu o Canadá por 3 a 2 no primeiro amistoso. Apenas Gilberto e Robinho permaneceram. E o time sentiu bastante o desentrosamento no início da partida. As tentativas brasileiras eram em jogadas individuais. Principalmente de Robinho e Alexandre Pato. Mas os dois estavam pouco inspirados.

O primeiro e único lance de perigo da seleção só aconteceu aos 25 minutos. Adriano ajeitou para Anderson, que chutou rasteiro da entrada da área. A bola passou perto no canto esquerdo do goleiro Vega.

A defesa brasileira jogava em linha. E cada ataque venezuelano assustava. Henrique e Luisão não se acertavam. Rojas foi até a linha de fundo sem ser incomodado por Gilberto e cruzou. A defesa não conseguiu cortar, Daniel Alves ficou só olhando e Arango perdeu um gol feito ao tocar para fora, na pequena área, na cara de Doni. Mas o segundo gol era questão de tempo. Pouco tempo. E foi um golaço. Henrique perdeu a bola na intermediária. Vargas deu um drible espetacular em Luisão - uma pedalada - e chutou rasteiro da entrada da área no canto esquerdo de Doni. E o primeiro tempo terminou com muitas vaias para a seleção brasileira.

- Eles estão marcando muito forte. Temos que nos movimentar mais na frente e tocar a bola mais rápido para tentar furar esse bloqueio - disse Robinho no intervalo ao falar do baixo rendimento da equipe.

Seleção melhora, mas não consegue o empate

Agência/EFE
Adriano tenta dominar a bola no segundo tempo
Dunga resolveu fazer três alterações no intervalo. Tirou Daniel Alves, que estava muito mal na marcação, e colocou Maicon. Josué entrou no lugar de Gilberto Silva. E Alexandre Pato, figura apagada nos primeiros 45 minutos, saiu para a entrada de Diego. Com isso, Robinho voltou a jogar mais próximo da área, deixando a função de armar para o ex-companheiro de Santos.

- As mudanças não estavam programadas. Foi uma necessidade da partida mesmo. Estava perdendo um pouco o meio-campo. O Robinho estava perdido nesta função no meio, e no ataque ele rende mais - explicou Dunga quando o time voltou para o campo.

No segundo tempo, parece que a seleção brasileira finalmente entrou em campo. Anderson teve a primeira chance aos três minutos. Mas o chute, de dentro da área, saiu torto. Pouco depois foi Robinho que concluiu mal. A bola subiu muito e foi para fora.

Aos 11 minutos, Diego perdeu uma chance inacreditável. Adriano rolou para o meia, que entrou livre na área. O chute saiu rasteiro no canto esquerdo. Vega defendeu com os pés. A bola subiu, e Diego arriscou uma bicicleta. Para o azar brasileiro, a bola bateu na trave e foi para fora.

As chances surgiam, o tempo passava, e o gol não saía. Aos 20 minutos, Robinho fez ótima jogada, tocou para Gilberto, que cruzou rasteiro para Adriano. O atacante tocou sutil para o gol entre os zagueiros, e a bola saiu com perigo pelo canto direito. Foi o último lance de Adriano, que saiu para a entrada de Luis Fabiano.

Um torcedor entrou em campo para abraçar Robinho. Os seguranças precisaram agir rapidamente para contê-lo, e ele deixou o campo preso. O caso esfriou a seleção brasileira. Na última oportunidade, Diego bateu falta da entrada da área para fora aos 32 minutos. No final, o Brasil teve 20 finalizações e não marcou nenhum gol. E a Venezuela, com três, balançou a rede brasileira duas vezes.

Foi a terceira derrota de Dunga no comando da seleção brasileira em 27 jogos (nas vitórias sobre Irlanda -1 a 0 - e Suécia -1 a 0 -, Dunga estava suspenso e não ficou no banco). Antes, o time perdeu para o México, na Copa América, e para Portugal, em um amistoso em Londres. Curiosamente, ambas também por 2 a 0.

- Jogamos mal. Levamos dois gols no primeiro tempo. No segundo melhoramos, mas não conseguimos os gols. Alguns jogadores estavam de férias e sentiram o peso da partida - disse Dunga após a derrota.