sábado, 21 de junho de 2008

Empresas fazem blitz contra a obesidade

40% das companhias americanas já têm programas para controlar o peso de seus funcionários.

No Brasil ainda pouco se fala no assunto, mas o tema obesidade já está na agenda das empresas americanas. Uma pesquisa realizada pela Conference Board, organismo dedicado a estudar a vida executiva, revela que 40% das companhias dos Estados Unidos implementaram programas para reduzir a obesidade de seus funcionários e que outras 24% planejam tomar a medida até o final deste ano.
Não se trata apenas de zelo. Apesar de a sabedoria popular afirmar que os gordinhos são mais animados e espirituosos, estudos recentes revelam que pessoas acima do peso são consideradas mais lentas e menos eficientes no ambiente de trabalho. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Cincinnati diz que as empresas perdem US$ 1,8 mil por ano com a falta de produtividade de cada um desses profissionais. "A redução de apenas 10% do peso já resulta em ganhos de produtividade para a empresa", afirma Donna Gates, uma das autoras do estudo.
Outro levantamento, desta vez do Centro para o Controle e Prevenção de Doenças, órgão do governo americano, revela que os obesos faltam mais ao trabalho. Os números mostram que, na média, eles deixam de trabalhar oito dias por ano, ante três dias dos que têm peso considerado normal.
As companhias americanas têm um prejuízo anual de US$ 45 bilhões apenas com as faltas ao trabalho e as despesas médicas, segundo estimativa da Conference Board. "As empresas precisam prestar atenção ao problema, para o bem dos seus resultados financeiros, assim como o da sociedade e dos próprios funcionários", afirma Linda Barrington, autora do estudo.
Os programas corporativos de redução de peso dão um retorno de US$ 5 para cada US$ 1 investido, segundo cálculos da Conference Board. Alguns especialistas acreditam, porém, que a melhor política seria dar recompensas financeiras aos funcionários que tivessem redução de peso.
A preocupação das empresas americanas acompanha os índices crescentes do aumento de peso da população. Nos últimos 30 anos, o número de obesos dobrou nos Estados Unidos. Hoje, 34% dos americanos estão acima do peso. No Brasil, a situação é melhor. Levantamento divulgado em março pelo Ministério da Saúde revela que 11% dos brasileiros são obesos , apesar de 43% estarem com sobrepeso.
No livro recém-lançado The Fattening of America ("A engorda da América"), o economista Eric Finkelstein culpa a economia e o avanço tecnológico pela escalada do problema no país. O preço dos alimentos, especialmente o dos mais calóricos, caiu nas últimas décadas. Além disso, as novas tecnologias estimulam o sedentarismo da população. Para Finkelstein, é preciso tornar a redução de peso mais fácil e barata, justamente o contrário do que acontece hoje. Nossa época conspira a favor da obesidade. Por isso, o economista americano afirma não estar certo sobre o sucesso da estratégia desenhada pelas empresas americanas para tentar resolver o problema.

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