terça-feira, 22 de setembro de 2009

Multa por falta de cinto sobe 730%

Infrações como dirigir falando ao celular e estacionar em local proibido também cresceram

Em plena Semana Nacional de Trânsito, em que todas as vozes reforçam a necessidade de um comportamento mais responsável do condutor nas ruas e avenidas das cidades brasileiras, estatísticas comprovam que o motorista goianiense mantém antigos maus hábitos ao volante. Considerando estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito em Goiás (Detran-GO), infrações como não usar o cinto de segurança, falar ao celular e estacionar em local proibido explodiram.

No primeiro caso, o aumento foi de 730% entre janeiro e agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2008. No ano passado, segundo o Detran, 2.731 condutores foram flagrados dirigindo sem o equipamento de segurança. Em 2009, o número de infrações por falta de uso do cinto saltou para 22.683 (veja estatísticas no infográfico). Chama a atenção, também, o aumento da quantidade de motoristas autuados falando ao celular enquanto dirigem, infração que cresceu 69,3% entre 2008 e 2009.

Somados os vários artigos do Código de Trânsito Brasileiro que tratam do uso das áreas urbanas como vagas de estacionamento, as infrações por infringir as normas em vigor neste quesito aumentaram 40,3% entre janeiro e agosto deste ano. Quando comparado o número total de infrações registradas em 2008 e em igual período de 2009, o aumento foi bem menos significativo. As estatísticas mostram, por exemplo, redução drástica da quantidade de infrações por excesso de velocidade. Este ano, o contrato da Agência Municipal de Trânsito (AMT) com a empresa que operava os equipamentos eletrônicos foi questionado pela Justiça. A AMT, porém, não relaciona a redução dos autos de infração por excesso de velocidade ao referido processo, alegando que não houve desligamento nem cancelamento de multas.

Presidente do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), Antenor Pinheiro diz que o avanço na quantidade de infrações como no caso do não- uso do cinto de segurança revela a fragilidade da fiscalização. “Para a atual geração de motoristas, o que funciona é uma dura política de fiscalização.” Para Antenor, disseminou-se entre os condutores brasileiros a falsa ideia de que a autuação pela falta do uso de cinto de segurança só seria possível a partir do momento em que há abordagem do motorista infrator pelo agente. No entanto, explica, normas do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) em vigor desde 2000 já consideravam a possibilidade de a autuação se dar mesmo com o condutor em trânsito. Confiante no fato de que ser abordado é algo muito remoto, o condutor insiste em dirigir sem cinto. “Cerca de 30% dos condutores já não usam mais o cinto de segurança”, arrisca Antenor. Polêmicas à parte, o Conselho Nacional de Trânsito bateu o martelo este ano e decidiu que o motorista não precisa ser parado para ser multado pela falta do cinto.

GravíssimasDados da Superintendência Regional da Polícia Rodoviária Federal em Goiás confirmam que mais da metade das infrações de trânsito registradas nas BRs em Goiás (56%) são enquadradas como gravíssimas pelo Código de Trânsito Brasileiro. São exemplos desse tipo de infração as ultrapassagens proibidas e o excesso de velocidade, que lideram o ranking das multas mais comuns nas BRs.

Somadas às infrações consideradas graves, as duas categorias representam mais de 80% do total de autuações registradas neste ano pela PRF.

Uma ação educativa, ontem pela manhã, dentro da programação da Semana Nacional de Trânsito, a Polícia Rodoviária Federal, em parceria com a Secretaria de Educação do município de Aparecida de Goiânia, envolveu 32 mil alunos em uma blitz mirim na BR-153.

ANÁLISE
Trânsito com planejamento
Parece absurda uma manchete de jornal que destaca aumento de 700% do número de infrações por falta do uso de cinto de segurança, especialmente se considerarmos que muitas outras manchetes já destacaram a adesão quase que completa dos condutores a um dos itens mais importantes para a segurança pessoal do condutor e dos passageiros do veículo. Um resultado que mostra que uma semana por ano para falar de trânsito não é suficiente para transformar comportamentos e construir uma cultura de respeito e responsabilidade nas ruas. O trânsito que mata milhares de pessoas todos os anos no Brasil, muitas delas por não estar usando o cinto na hora do acidente, requer ações planejadas. O ano todo. (D.A)

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