terça-feira, 21 de outubro de 2008

Consumidor pagará mais barato por crédito, mas não como há seis meses

SÃO PAULO - O consumidor contará com um crédito mais barato do que o que vem sendo ofertado, mas não no mesmo patamar daquele que tomava há seis meses, de acordo com o economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Rubens Sardenberg.
Em resposta à crise financeira internacional, ele afirmou que houve uma restrição da oferta de crédito, o que fez com que os bancos ficassem mais cautelosos, os prazos diminuíssem e, como conseqüência, o crédito encarecesse ao consumidor. O cenário, de acordo com ele, vem melhorando, principalmente devido às medidas tomadas pelo Banco Central, como a liberação de compulsório e a compra de carteiras.
"Agora, voltar para seis meses atrás, por enquanto, é muito difícil, porque nós estamos entrando em um cenário diferente do anterior, que tinha taxas de juros baixas, uma oferta abundante de crédito aqui e no exterior", explicou.
A situação acima, por sua vez, depende de como o mercado de crédito irá se comportar diante deste encarecimento. Se houver uma diminuição muito forte da atividade, é possível que as taxas de juros respondam a isso e diminuam. "Quando as coisas voltarem ao normal, ainda assim você vai ter taxas um pouquinho mais altas. No momento seguinte, vai depender muito de como a atividade vai se comportar".
Prazo mais longo, crédito mais caro
De acordo com Sardenberg, em um primeiro momento, as operações de longo prazo serão as mais afetadas com o encarecimento do crédito. "Tenho impressão de que as operações mais longas vão ter impacto maior, onde há, pelo seu horizonte de tempo, um risco maior", afirmou o economista-chefe. Ele inclui neste grupo os financiamentos, que vinham crescendo maios fortemente, mas que terão um encurtamento dos prazos.
Ele ainda acredita que os bancos vão priorizar muito as operações de seus próprios clientes. "Aquelas operações com financeiras, não-clientes, com grau maior de agressividade, vão se reduzir e é provavelmente onde vai haver encarecimento maior do crédito", explicou.
Expectativas para o crédito
Diante deste novo cenário da economia internacional, foi feita uma revisão do crescimento do crédito no Brasil. Para este ano, deve ser verificado um avanço entre 25% e 30%. Para 2009, por sua vez, a previsão caiu de 20% para algo entre 15% e 20%.
Conforme explicou Sardenberg, a taxa de crescimento do crédito é alta no Brasil, além de saudável, o que significa que não corremos o mesmo risco dos EUA. Porém, a relação crédito sobre o PIB (Produto Interno Bruto) ainda é baixa aqui no País. "A relação é de 38%, contra mais ou menos 200% nos Estados Unidos e 180% na Inglaterra".

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