quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sem dinheiro para cuidar dos filhos

Família enfrenta rotina de tratamento de problemas mentais dos filhos e pede doação de cesta básica para ajudar nas despesas

Itaney Gonçalves


Selma Alves e Jerry Pereira no Instituto Espírita Batuíra de Saúde Mental: dificuldades

O rosto angelical disfarça os problemas que Selma Alves da Cruz, de 29 anos, enfrenta diariamente. A jovem descobriu, há cinco anos, que sofre de esquizofrenia e retardo mental. Internada no Instituto Espírita Batuíra de Saúde Mental há um mês, ela aguarda com ansiedade a visita rotineira da mãe, a dona de casa Jerry Pereira, de 66, que aparece todo fim de tarde.

“Ela ouve vozes e fica violenta”, resume a mãe, que vai de ônibus da pequena casa onde mora com mais cinco pessoas, no Jardim América, até o Jardim Goiás, onde a filha recebe tratamento atualmente. Segundo Jerry, as primeiras suspeitas de que Selma tinha problemas mentais surgiram após a filha terminar o ensino médio.

Após procurar, sem sucesso, o primeiro emprego, a jovem teve depressão. Algum tempo depois tentou quebrar a bicicleta do pai e quase atacou a mãe com uma faca. Às vezes, também tentava agredir os irmãos. Desesperada, a família perdeu a conta do número de vezes que precisou chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para socorrer um dos três irmãos ou os próprios pais, ambos idosos, dos ataques de Selma. “Fico desesperada. Com medo de que ela se machuque ou machuque a gente”, diz a mãe.

Saudades“Mas quando ela toma o remédio certinho, é como se fosse uma criança”, completa Jerry. Enquanto está internada, ela recebe a medicação necessária todos os dias. Mesmo com dificuldades para se comunicar, Selma diz que está com saudades de casa e torce para que o retorno ao lar não demore muito tempo. Se tudo correr bem, ela deve receber alta ainda em dezembro.

Com boa memória, Selma ajudou a mãe ontem a lembrar o número do telefone residencial para preencher um cadastro no instituto. As visitas à filha só precisam ser interrompidas nas quintas-feiras, quando a dona de casa precisa levar Tony Alves, filho mais velho e também com problemas mentais, para tratamento em um hospital no Setor Marista.

DificuldadesAlém dos problemas de saúde dos filhos, Jerry passa por dificuldades financeiras para garantir o sustento da família. Mesmo com quase 70 anos de idade, ela e o marido ainda não conseguiram se aposentar. Tony, o outro filho com problemas de saúde mental e que não pode trabalhar, havia conseguido o benefício, mas a aposentadoria foi suspensa poucos meses depois de ser concedida. Atualmente, a única fonte de renda vem dos bicos que o marido faz trabalhando como estofamento de cadeiras e sofás. “Mas tem semana que não aparece serviço e as coisas ficam apertadas”, revela a dona de casa. Jerry gostaria de receber doações de cestas básicas, pois os remédios ela consegue de graça. Selma e Tony já receberam tratamento no Instituto Espírita Batuíra de Saúde Mental em duas ocasiões.

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