segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Aumento de emissão de cheques no fim do ano requer cuidados

lojistas e clientes devem estar atentos ao uso do cheque. apenas em dezembro passado, mais de 385 mil documentos foram devolvidos
Lídia Borges

A intensificação das compras para fim de ano e a ampliação dos prazos de parcelamento no comércio vão refletir diretamente na quantidade de cheques emitidos pelo consumidor neste mês. O aumento da circulação deve ser superior a 15%, segundo expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Este foi o crescimento verificado em dezembro de 2008, com relação a novembro, e deve ser superado este ano devido à situação econômica positiva que o País enfrenta atualmente, afirma o assessor técnico da entidade, Walter Faria.

Para se ter uma ideia, só em Goiás, foram compensados quase 4,3 milhões de cheques no final do ano passado, aproximadamente 588 mil a mais do que no mês anterior.

Embora este tipo de pagamento represente apenas 3,2% do total de transações bancárias – entre cartões, transferências e boletos –, os valores em dinheiro são significativos. No Estado, movimentou R$ 3,5 bilhões somente em dezembro de 2008.

Diante do volume e com o aumento da emissão, crescem também as chances de fraudes e devoluções.

Foram 385,6 mil documentos devolvidos em Goiás no mesmo período, um prejuízo de R$ 440,7 milhões.

Por isso, algumas medidas – não apenas da empresa, mas do próprio cliente – são de extrema importância para prevenir problemas no futuro.

O simples ato de cruzar um cheque e nomear a pessoa ou firma que receberá o valor já reduz consideravelmente os riscos. Isso impede que o documento seja trocado diretamente no caixa do banco ou que seja repassado a terceiros e desviado. Identificar o favorecido é, inclusive, obrigatório nas folhas a partir de R$ 100 (resolução 2.090 do Banco Central). Por isso, é melhor que o próprio dono preencha na hora do pagamento, já que alguém terá de se responsabilizar por isso, para sacá-lo ou depositá-lo na agência depois.

Ao ser depositado, o cheque pode ser rastreado pela internet, por meio de uma imagem da microfilmagem do documento feita pelos bancos após a compensação, explica o consultor financeiro Ricardo Limongi, coordenador do curso de Administração da Faculdade Estácio. Pelo site, podem ser obtidas informações importantes, como a data e a agência em que o cheque foi depositado e a quem foi pago o valor.

Outra dica de Limongi é repetir, por extenso, o valor e o nome do favorecido no verso do cheque. “Com isso, você dobra a dificuldade para um fraudador, que teria de fazê-lo dos dois lados”, explica.

A desconfiança deve partir não só de quem recebe, mas de quem paga também. Se a pessoa ou estabelecimento for totalmente desconhecido, é melhor não pagar com cheque. Segundo a Febraban, boa parte das adulterações ocorre depois de repasses repetidos e de forma indiscriminada.

Vale à pena lembrar também de alguns detalhes importantes. No canto direito superior do cheque, reservado ao valor em numeral, o ideal é reduzir a distância entre o símbolo R$ e os números. É preciso ter a mesma atenção com o extenso: quanto menos espaço entre as palavras melhor.

“E nunca se deve levar o talão inteiro na carteira, mas apenas algumas folhas. Porque, em caso de perda ou roubo, você não vai ter que sustar tudo”, completa o consultor.

ControleManter um controle de anotações sobre os pagamentos com cheque não é uma questão apenas de vigiar os gastos pessoais, mas uma forma de monitorar também como esse documento é movimentado – se o valor debitado está correto e se a data de compensação confere com o combinado, por exemplo.

“Muitas vezes a pessoa não faz esse controle e depois nem se lembra onde gastou o valor sacado da conta dele”, afirma.

Ele orienta para que o cliente deixe disponível na sua conta um valor aproximado do que foi emitido no cheque, para amenizar possíveis problemas, caso seja descontado ou depositado antes do prazo.

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