domingo, 19 de julho de 2009

Mais da metade prefere pagar compras à prestação

Pesquisa mostra que, quanto maior a idade, maior a disposição do consumidor de comprar a prazo, sobretudo produtos eletrônicos


Lúcia Monteiro
Quase todos os aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos e os móveis que a dona de casa Luana Cristina Xavier Moura tem em sua residência foram pagos em prestações. Os dois aparelhos de TV, o guarda-roupas da filha e o sofá da sala foram parcelados em seis vezes, a geladeira e o fogão em dez e até a máquina fotográfica foi paga em três parcelas. Ela reconhece que o acúmulo de prestações já causou sérios descontroles ao orçamento da família, que vive da renda variável do marido dela, trabalhador autônomo.

“Se não for assim, a gente não consegue comprar porque nunca dá para juntar dinheiro”, justifica. Mesmo com as experiências negativas, ela avisa que logo pretende comprar também um computador a prazo.

De acordo com pesquisa feita pela GfK, quarta maior empresa de pesquisa de mercado no mundo, que ouviu mil pessoas em 12 capitais ou regiões metropolitanas do País, 59% dos consumidores preferem pagar à prazo os eletroeletrônicos que compra, ainda que possa bancar o preço à vista com desconto.

A pesquisa mostrou que, quanto maior a idade do entrevistado, maior sua disposição de adquirir produtos a prazo. “Os mais velhos, principalmente os aposentados, têm mais condições de planejar suas finanças porque contam com uma renda fixa”, explica o diretor de Atendimento de Novos Negócios da GfK, Antônio Carlos Parrela.

Nas lojas, a prática da compra parcelada é ainda maior que o índice revelado pela pesquisa. Na rede Novo Mundo, por exemplo, somente entre 10% e 15% das vendas são feitas à vista. No restante, 65% são vendas parceladas no carnê e 35% no cartão de crédito. O diretor administrativo da rede, Agenor Braga, informa que o prazo preferido é o de dez meses. Segundo ele, descontos no pagamento à vista só podem ser negociados sobre o preço normal de tabela, e nunca sobre promoções.
ImediatismoMuita gente parcela as compras para pagar no futuro e não ficar descapitalizado no momento. “A pessoa escolhe uma prestação que cabe no orçamento e prefere usar o dinheiro que tem para consumir mais hoje. É o imediatismo”, diz o economista e consultor de finanças pessoais Marcus Antônio Teodoro, autor do livro Erros e acertos na gestão do dinheiro.

Mas ele alerta que, mesmo quando o parcelamento é anunciado sem juros, pagando à vista é possível obter um desconto. No caso de longas prestações, o consultor adverte que o prejuízo é bem maior, já que os juros médios no crediário variam de 4% a 5% ao mês. “Esse índice pode ser ainda maior, dependendo do cadastro do cliente”, destaca.

Muitas vezes, as próprias lojas incentivam a venda à prazo. Para o consultor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, Eugênio Foganholo, o setor é refratário a descontos, pois depende em grande parte de suas receitas financeiras, obtidas com juros e outras taxas dos financiamentos. Vale lembrar que o fato de a pessoa precisar voltar à loja todo mês para pagar uma prestação também pode garantir novas vendas.

Mesmo assim, Eugênio acredita que sempre há possibilidade de algum abatimento á vista, por menor que seja, em negociações com o vendedor ou gerente.

“Os melhores descontos são concedidos apenas no momento em que o comprador se mostra irredutível e a venda pode ser perdida”, diz. (Com Agência Estado

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