sábado, 13 de setembro de 2008

Mulheres compram menos, mas devem mais do que os homens

Estatística da CDL revela que mulheres têm mais registros no SPC e parcelam mais as compras, até itens de pequeno valor
Apesar de comprarem menos que os homens, as mulheres acabam devendo mais do que eles. Isso ocorre, principalmente, porque as mulheres costumam pagar compras de pequeno valor em várias parcelas no cartão de crédito, cheque pré-datado ou crediário, o que facilita o descontrole, enquanto o homem prefere mais o pagamento à vista.

É o que revela a estatística mensal de consultas, registros e cancelamentos de registros no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) no mês passado, divulgada esta semana pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL).

No mês passado, 51,24% das consultas feitas ao SPC para a liberação de crédito no Estado de Goiás foram destinadas a consumidores do sexo masculino. Por outro lado, 54,6% dos registros feitos no SPC por atraso de pagamento incluíram o nome de mulheres (veja quadro). Por isso, as goianas também responderam pelo maior porcentual de cancelamento de registros no serviço: 54,1% em agosto.

Para o presidente da CDL, Melchior Luiz Duarte de Abreu Filho, o fato de as mulheres deverem mais está diretamente ligado à maior tendência feminina ao crediário, enquanto o homem é mais resistente às compras à prazo. “Eles preferem o pagamento à vista ou as operações de curto prazo para correrem menos riscos nas compras de menor valor”, destaca.

As mulheres incluíram o crediário em sua rotina de compras e parcelam até a aquisição de uma peça de roupa ou calçado, o que acaba gerando um acúmulo de pequenas contas. Já os homens, na opinião do presidente da CDL, tendem a assumir financiamentos mais longos somente para a aquisição de bens duráveis, como carros e casas.

A estudante Beatriz Paula Morais assume que parcela o pagamento de muitas compras de pequeno valor pelo cartão de crédito. Segundo ela, é difícil resistir à tentação de comprar roupas, sapatos, óculos, acessórios, perfumes e bolsas.

“Toda vez que tenho de viajar, compro um monte de coisas que até já tenho. Até um mesmo sapato, só que de cor diferente”, reconhece a estudante. Para ela, o homem prefere comprar tudo que precisa de uma só vez e não gosta de parcelar.

IdadeA estatística do SPC também revelou que a maior parte dos devedores no comércio de Goiás e de Goiânia está na faixa dos 30 aos 37 anos. Melchior Filho lembra que esta é a faixa de idade em que a pessoa está no pico de sua produção, conquistando a casa própria, com filhos em fase de crescimento e na escola, o que resulta em mais compromissos financeiros.

“Qualquer problema nesta fase afeta mais o orçamento da família.” Antes dos 30, muita gente ainda mora com os pais e têm menos responsabilidades. Depois dos 40,os filhos já estão mais criados e a pessoa reduz seus compromissos financeiros.

O fato de ainda ter uma renda menor que a do homem, mesmo exercendo a mesma função, também contribui para o maior endividamento feminino, segundo o economista e consultor financeiro, José Pio Martins.

Ele acrescenta que, além disso, o homem ainda ocupa cargos mais altos que a mulher na estrutura trabalhista.

José Pio lembra que, quando o casal se separa, geralmente é a mulher quem fica com os filhos, o que a coloca numa situação financeira mais apertada, mesmo recebendo uma pensão. “Muitas mulheres nem recebem uma pensão e criam os filhos sozinhas”, ressalta. Ele também concorda que a mulher parcela muitas compras de menor valor. “Se o homem atrasa a prestação do carro, logo a financeira retoma o veículo. Mas uma loja não vai pegar a roupa da mulher de volta se ela atrasa a prestação”, explica.

0 Comentar: