quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Dividido, Copom eleva juros de 13% para 13,75% ao ano

É a quarta elevação consecutiva da taxa Selic com o objetivo de combater a alta dos preços. Decisão veio junto com queda da inflação, mas com câmbio e PIB em alta

Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar em 0,75 ponto porcentual a taxa Selic, para 13,75% ao ano, pela quarta vez consecutiva. Desta vez, no entanto, não houve unanimidade na decisão. Cinco diretores do Banco Central (BC) votaram pelo aumento de 0,75 ponto e três para avanço de 0,50 ponto porcentual.

A decisão, sem viés, veio de acordo com a expectativa geral do mercado financeiro - dos 55 analistas consultados, 54 apostavam que o BC repetiria a dose dada em julho. No tradicional comunicado divulgado após a reunião, que durou mais de três horas, a autoridade monetária explicou que “avaliando o cenário macroeconômico, o Copom decidiu elevar a taxa Selic para 13,75% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e três pela elevação da taxa em 0,50 ponto porcentual, com vistas a promover tempestivamente a convergência da inflação para a trajetória de metas”.

A última vez em que não houve consenso de votação no Copom foi em 18 de julho de 2007, quando o juro caiu de 12% para 11,5% com apoio de quatro votos. Na ocasião, três diretores votaram pela redução de 0,25 ponto.

AnáliseNa avaliação de especialistas do mercado financeiro, o Copom acertou ao manter o atual ciclo de alta da Selic. Embora os índices de preços tenham recuado desde a última reunião, as expectativas para 2009 não cederam e permaneceram “teimosamente” em 5%. Uma das explicação para o movimento da inflação no curto prazo está na queda das cotações das commodities agrícolas, mas especificamente do milho e da soja no mercado internacional, afirma o economista da Modal Asset Management, Alexandre Póvoa.

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças, Walter Machado de Barros, com a elevação de 0,75 ponto porcentual, o BC indica ao mercado que ainda é cedo para concluir que a tendência de queda da inflação é mesmo efetiva. “Na dúvida, ele decidiu ser conservador.”
Do lado da atividade econômica, a expectativa é que o efeito da política monetária do BC apenas comece a aparecer no último trimestre. A produção industrial, por exemplo, registrou movimento de recuperação nos últimos dois meses.

Crédito No crédito, a situação não é diferente. Em julho, por exemplo, os empréstimos e financiamentos alcançaram 37% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas há quem acredite que já haja um pequeno sinal de arrefecimento, especialmente nos financiamento de veículos.

Com a decisão de ontem, o Brasil voltou a se isolar na liderança do ranking mundial de juros reais (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses). A taxa brasileira subiu para 8,1% ao ano ante 4,2% da Turquia; 2,6% do México; e 2,5% da Austrália. (Agência Estado)

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