domingo, 23 de agosto de 2009

Meirelles e o mercado


A grande incógnita no cenário mundial continua sendo a economia dos Estados Unidos, que representa aproximadamente 25% da produção de riqueza no Planeta. Se a recuperação da economia dos EUA for mais lenta do que o imaginado, os impactos dessa lentidão vão afetar a economia brasileira. Como regra de mercado, a persistir uma situação de crise internacional, o investidor global buscará aplicar seu dinheiro em mercado mais seguro, em detrimento da rentabilidade. Assim, evitará aplicações em mercados emergentes, mesmo os considerados menos arriscados, como o Brasil.

O certo é que o mercado de crédito internacional está muito fragilizado, apesar da injeção de trilhões de dólares dos governos. Ainda persiste uma quantidade significativa de ativos tóxicos (créditos podres) no mercado internacional. Além disso, várias economias desenvolvidas estão em recessão, com taxas de desemprego extremamente elevadas. A economia nos ensina que só economia que cresce, que gera emprego, garante o consumo, afinal vivemos em uma sociedade consumista.

O grande debate nos principais meios acadêmicos e financeiros é se o pior da crise internacional realmente já passou ou se deixou de piorar. No mercado de câmbio, por exemplo, persiste a dúvida do valor do dólar no mercado brasileiro. O Banco Central, por enquanto, não está identificando nos mercados futuros fonte de pressão para a queda do dólar, tanto é que vem intervindo menos neste mercado, comprando dólares. A leitura que faz dessa realidade é que o Banco Central está gostando do dólar na faixa de R$ 1,85 a R$ 1,90. Se quisesse um dólar salgado gastaria parte de suas reservas internacionais de US$ 213 bilhões comprando a moeda americana.

Ajustado o valor do dólar, o mercado financeiro centra todas suas forças no crédito. O crédito para as pessoas físicas volta a ter um perfil mais próximo ao visto antes da turbulência internacional. Interessante que os empréstimos destinados ao consumo voltaram a ficar mais baratos e longos, com o avanço do consignado e do financiamento de veículos, apesar do aumento da inadimplência. Espero que os empréstimos consignados não estejam sendo direcionados para pagamento de dívidas, principalmente de aposentados e pensionistas.

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