sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Maurren Maggi voa e garante a segunda medalha de ouro do Brasil em Pequim

Com vitória no salto em distância, brasileira se torna a primeira mulher do país a subir ao lugar mais alto do pódio em esportes individuais


Enquanto as adversárias estavam maquiadas, com cortes de cabelo ousados e piercings no umbigo, Maurren Maggi chegou para a final do salto em distância nesta sexta-feira de cara limpa, com um simples coque. Após cinco saltos e marca de 7,04m no Ninho do Pássaro, veio o enfeite que ela queria: a medalha de ouro.

Maurren Maggi é a primeira brasileira a subir ao lugar mais alto do pódio em esportes individuais
Com a conquista desta sexta, Maurren entra para a história ao se tornar a primeira brasileira a garantir uma medalha de ouro em esportes individuais. Cinco anos após viver o drama da suspensão por doping e chegar a abandonar a carreira, a saltadora finalmente sobe ao lugar mais alto do pódio, o que não acontecia com brasileiros do atletismo desde 1984, com Joaquim Cruz nos 800m rasos.

- É pela Sofia que eu estou aqui. Tenho certeza que Deus fez um caminho diferente, mas para dar tudo certo. E a minha preciosidade está em casa para me acompanhar nisso - disse Maurren em entrevista à TV Globo.

A vitória de Maurren veio por um centímetro, diferença mínima no salto em distância. A prata ficou com a atleta russa Tatyana Lebedeva, campeã olímpica de Atenas, que atingiu a marca de 7,03m. A nigeriana Blessing Okagbare garantiu a medalha de bronze com 6,91m. Já a portuguesa Naide Gomes, dona da melhor marca do ano (7,12m), e a ucraniana Lyudmila Blonska ficaram fora da final. Naide não foi bem nas eliminatórias, e Lydmila foi pega no antidoping.

Brasileira entra em ação concentrada

Maurren Maggi chegou concentrada. Na apresentação, se limitou a dar um sorriso para as câmeras e um tchauzinho para o público presente no Ninho do Pássaro. Antes do primeiro salto, fez o sinal da cruz, pediu as palmas do público, deu um berro e voou: 7,04m, seu melhor salto na temporada. Porém, ainda 22 centímetros do seu recorde sul-americano: 7,26m, conquistado no Campeonato Sul-Americano de 1999, em Bogotá. O ritual iria se repetir em todos os saltos. Mas, nas próximas três tentativas, a vontade da brasileira de garantir logo o ouro era tanta que acabou queimando e anulando aos boas marcas alcançadas.

A preocupação em não queimar mais fez com que Maurren saltasse bem longe da linha amarela. Mesmo assim, atingiu 6,76m. Antes do último salto, a brasileira ainda precisava torcer contra a russa Tatyana Lebedeva, a única que ainda podia ameaçar o seu objetivo.

A russa até chegou a assustar atingindo 7,03m em sua última tentativa. Mas, por um centímetro, não conseguiu acabar com o sonho de Maurren, que dispensou o último salto e já foi comemorar a conquista.

Comparando os saltos da brasileira e da russa, o detalhe que fez a diferença na vitória de Maurren por 1cm
Enquanto Lebedeva tirava areia da perna e não escondia a decepção no banco, Maurren foi até a arquibancada e abraçou o técnico, Nélio Moura, que também foi ouro com Irving Saladino, do Panamá, no salto em distância masculino. Pegou uma bandeira do Brasil e, para homenagear o país-sede dos Jogos, levou também uma bandeirinha da China. Correu pelo Ninho do Pássaro, vibrou e chorou, até voltar ao ponto de onde tinha saído para abraçar o treinador de novo.

Keila Costa, que tentava beliscar um lugar no pódio, acabou parando na metade da prova, quando há o corte das quatro piores marcas. Como queimou as duas primeiras tentativas, a brasileira só teve um salto computado: 6,43m. Ela terminou a competição em 11º lugar das 12 classificadas para a final.

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