domingo, 3 de agosto de 2008

Conheça a nova tribo masculina: os gastrossexuais

Homens usam cozinha como meio de se divertir e impressionar mulheres e amigos. Novos cozinheiros se informam sobre gastronomia em livros e trocam informações via web.


Uma nova tribo masculina está tomando forma, e ela não tem nada a ver com o famoso metrossexual – que surgiu no fim dos anos 90 e dava muita importância à aparência – nem com o ogrossexual, o oposto do grupo anterior, mais próximo ao personagem de desenho animado Shrek. O gastrossexual é um homem bem-resolvido que adora cozinhar pratos elaborados por prazer, para mostrar as habilidades na cozinha e também para seduzir. Chefs famosos e boa pinta, como Jamie Oliver e Olivier Anquier servem de inspiração para muitos desses novos homens. O apelido gastrossexual foi dado pela Future Foundation, uma instituição inglesa que faz estudos de mercado. De acordo com a mais recente pesquisa da instituição, feita na Inglaterra, 48% dos entrevistados dizem que saber cozinhar faz com que a pessoa se torne mais atraente. E não são poucos os que vão para a cozinha com segundas intenções: 23% dos homens entre 18 e 34 anos admitem que cozinham para tentar seduzir uma parceira.
Conquista
As habilidades do advogado Paulo Franqueira, de 37 anos, na cozinha são famosas entre os amigos dele e principalmente com a namorada. “Conquistei ela no quarto jantar”, brinca Franqueira que, no quinto, conquistou os pais dela. “Até hoje eles falam da comida que preparei”, vangloria-se. Para Franqueira, caprichar em um almoço ou jantar é a melhor tática para impressionar. “É muito bom pensar nos detalhes, como o vinho, as flores, as velas e na seqüência de pratos”, lista. A vantagem de comer em casa, diz o advogado, é ter hora para apenas começar. “Quando a gente faz em casa, é mais privativo, aconchegante e imprevisível. Não tem aquela coisa de sentar, fazer o pedido, comer, pagar a conta e ir embora”, argumenta.
Como um bom gastrossexual, Franqueira lê livros e pesquisa sobre gastronomia, mas não pretende se profissionalizar. “Já me falaram para abrir um restaurante, mas eu não misturo trabalho com lazer”, brinca.

Aprender a fazer pratos elaborados se tornou um desafio para o executivo de uma multinacional Fabio Estrella, de 42 anos, quando ele conheceu a mulher dele, Débora Franchim, de 26 anos. A jovem aprendeu a cozinhar com a avó italiana quando tinha 8 anos. “Por isso, não tinha como impressionar ela”, conta. Assim como o namoro, o gosto de Estrella pela cozinha ficou firme. Hoje, ele participa de um curso para “estruturar o conhecimento”. “Estou aprendendo desde a base, como limpar um peixe, até algo bem sofisticado”, conta. Para o executivo, ser gastrossexual só faz sentido quando a pessoa realmente tem prazer em cozinhar. “Se é só para pegar mulher, não pode ser bom, a comida não tem como ficar boa”, acredita.
O nascimento do gastrossexual
De acordo com a pesquisa, a intimidade do gastrossexual na cozinha é conseqüência, em parte, do aumento do número de homens morando sozinhos – e tendo de se virar para comer – e de mulheres trabalhando fora. Segundo o estudo, os homens passaram a gastar cinco vezes mais tempo entre as panelas do que eles faziam em 1961, de minguados cinco minutos esse tempo pulou para 27 minutos diários. Segundo Luis Felipe Calmon, que dá aulas relacionadas à gastronomia no Orbacco Espaço Gastronômico, essa tendência masculina começou a ganhar força há cerca de cinco anos. Esse foi o período em que também houve um salto na oferta de produtos voltados para esse público, como panelas, utensílios de cozinha e temperos variados.

A maior parte dos alunos homens de Calmon tem entre 25 e 45 anos. Essa é praticamente a mesma faixa etária dos gastrossexuais da pesquisa inglesa, que têm entre 25 e 44 anos. Para o professor, o homem que cozinha acaba impressionando e conquistando as mulheres por se mostrar interessado em agradá-las. “Acaba sendo especial porque a comida é preparada somente para aquela pessoa específica. A sedução é no sentido de tornar uma coisa comum, a refeição, em algo especial”, afirma. Para ser um gastrossexual não precisa ser cheio da grana. Calmon diz que o segredo está na escolha dos ingredientes. “Acho que para cozinhar bem tem de ter, antes de tudo, muito carinho e amor pelo que está fazendo”, afirma. Mas antes de se animar, a mulherada precisa saber que a mudança no hábito masculino pára na porta da cozinha. O estudo feito pelo instituto inglês mostra que os homens não têm o mesmo entusiasmo para tarefas domésticas como lavar roupa ou varrer a casa.

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