quarta-feira, 2 de julho de 2008

Resgatada das Farc, Ingrid Betancourt agradece a Deus pela libertação

A franco-colombiana Ingrid Betancourt agradeceu a Deus e aos soldados da Colômbia por sua libertação das Farc, ocorrida nesta quarta-feira (2) na Colômbia.

Veja como foi a operação que resgatou Betancourt

Ingrid e mais 14 reféns foram libertados depois de uma operação do Exército da Colômbia, que disse ter infiltrado homens na guerrilha.

"Quero primeiro dar graças a Deus e aos soldados da Colômbia", disse Ingrid à rádio do Exército pouco depois da libertação, em entrevista reproduzida por emissoras de toda a Colômbia.

Ingrid Betancourt foi resgatada em uma região de selva do departamento de Guaviare, no sudoeste da Colômbia (Foto: Arte/G1)
Ao chegar a Bogotá, ela disse estar muito emocionada e contou como aconteceu o resgate. "Foi uma operação perfeita, não creio que haja na história do mundo uma operação tão fantástica."

Ingrid, que chegou a chorar durante a entrevista, disse também que o resgate foi um "duro golpe" para a guerrilha.

Falando em espanhol e em francês, ela agradeceu à França e ao presidente Nicolas Sarkozy por seu apoio e solidariedade com os seqüestrados.

Ingrid também garantiu que vai continuar a lutar pela liberdade dos que ficaram na selva. Ela disse que espera que a libertação dos demais reféns venha pela via da negociação, mas, se não for assim, "tenhamos confiança nas nossas forças militares". "Obrigado ao meu Exército, à minha pátria Colômbia, obrigado pela impecável operação, a operação foi perfeita.
Camisas de Che
Segundo Ingrid, os militares que se fizeram passar por guerrilheiros para fazer o resgate se camuflaram de tal maneira que vários usavam camisetas com imagem de Ernesto Che Guevara. "Eles falavam como guerrilheiros e se vestiam como eles", disse.

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De acordo com a ex-refém, a operação começou ao amanhecer, quando os reféns foram informados pelos guerrilheiros de que iriam ser transferidos. Ela disse que nenhum refém suspeitou da operação, e que só se deram conta de que foram resgatados quando um dos supostos guerrilheiros gritou: "somos o Exército da Colômbia, vocês estão livres."

Antes de Ingrid, o comandante do Exército da Colômbia, Mario Montoya, disse em Bogotá que o resgate foi um "xeque-mate" para as Farc, já debilitadas pela morte de vários líderes nos últimos meses.

15 libertados
Betancourt foi libertada das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia junto com três norte-americanos e mais outros 11 militares colombianos, segundo o ministro colombiano da Defesa, Juan Manuel Santos.

De acordo com o ministro, todos estão em boas condições de saúde e nenhum tiro foi disparado durante o resgate, que foi feito com a ajuda de três helicópteros.

"Seguimos trabalhando na libertação dos demais seqüestrados. Apelamos para os atuais líderes das Farc para que não se deixem matar, liberem os outros seqüestrados e não sacrifiquem seus homens", disse o ministro em Bogotá.

Os norte-americanos libertados são Thomas Howes, Keith Stansell e Marc Gonsalves, seqüestrados em 2003 quando realizavam uma missão antidrogas na floresta de Caquetá, no sudeste do país. Segundo o governo da Colômbia, eles já estão a caminho dos Estados Unidos.

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Infiltrados na guerrilha
Segundo o ministro colombiano da Defesa, o Exército da Colômbia se infiltrou na cúpula das Farc para libertar os quinze seqüestrados, enganando dois rebeldes e fazendo com que eles acreditassem que iam a um encontro com o chefe máximo rebelde, Alfonso Cano.

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Ele disse que os militares infiltrados haviam feito um acordo com o comandante César, das Farc, para supostamente levar os cativos de helicóptero até o lugar onde estaria Cano, chefe da guerrilha desde maio passado, quando morreu Manuel Marulanda, o Tirofijo, fundador do grupo. Cesar e outro rebelde, cujo nome não foi divulgado, foram presos. De acordo com o ministro, a operação começou a ser executava em fevereiro do ano passado.
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Sarkozy
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, que participou das negociações, parabenizou o governo de seu colega Alvaro Uribe pela libertação e pediu às Farc que encerrem seu "combate absurdo".

"É uma operação militar coroada de êxito", declarou Sarkozy, acrescentando que gostaria de dizer "às Farc que têm de terminar esse combate absurdo e medieval". "Naturalmente, a diplomacia francesa e a França estão dispostas a receber todos os que decidirem renunciar à luta armada e a tomar inocentes como reféns", disse. "Gostaria de dizer à Ingrid que eu a abraço, que estamos orgulhosos de sua valentia, que estamos felizes por ela", reforçou o presidente, cercado dos dois filhos de Ingrid, Melanie e Lorenzo, e de sua irmã Astrid Betancourt. "Também penso em todos os reféns que ainda não foram libertados." "Penso em todos esses anos de combate e em todas as pessoas que nos apoiaram. Ainda há reféns que estão na selva. Temos de lutar por sua libertação", declarou Melanie Delloye, filha de Ingrid Betancourt, com a voz embargada pela emoção.
À noite, um avião oficial partiu com a família de Ingrid, que mora na França, e com o chanceler francês, Bernard Kouchner, rumo à Colômbia.

Refém em condições precárias
Ingrid Betancourt nasceu em Bogotá, estudou em Paris e hoje tem 46 anos - dos quais os últimos seis passou no meio da mata, vivendo em condições precárias como refém das Farc.

A parlamentar havia sido seqüestrada em 23 de fevereiro de 2002 na região de Caquetá e, hoje, acredita-se que esteja com malária, leishmaniose e hepatite B.
Betancourt é uma das mais importantes reféns que as Farc mantinham em cativeiro - faz parte do grupo de 40 prisioneiros políticos passíveis de troca por guerrilheiros presos pelo governo colombiano.

Além disso, há centenas de outras pessoas seqüestradas pela guerrilha por motivos financeiros.

McCain e EUA
A libertação dos reféns ocorreu no mesmo dia em que o provável candidato republicano à Presidência dos EUA, John McCain, visitav ba Colombia, e em um momento no qual o país tenta melhorar sua relação com os EUA.

O resgate é um trunfo político na mão do presidente Uribe, que endureceu contra a guerrilha e aliou-se com os EUA, que investiram bilhões de dólares para colocar os rebeldes na defensiva, combater a criminalidade e investir no desenvolvimento do país.

1 Comentar:

Anônimo disse...

Parabéns, esta leitura é bem esclarecedora da tragédia vivida por Ingrid Betancourt que conviveu 6 anos e 4 meses com a FARC.