quinta-feira, 21 de maio de 2009

Lojista vê dificuldade para operar cadastro positivo

A criação do cadastro com informações positivas dos consumidores, aprovada na última terça-feira pelo Câmara dos Deputados, é bem-vinda pelo comércio lojista, mas traz preocupação quanto a sua operacionalização.

Junto com a esperança de queda nas taxas de juros e das restrições para os bons pagadores, que pode resultar em aumento das vendas, também existe a preocupação com a dificuldade para manter e alimentar o banco de dados, que terá alto custo.

Para o presidente da CDL Goiânia, Melchior Luiz Duarte de Abreu Filho, o projeto carece de melhor regulamentação. Ele lembra que o empresário não terá benefício direto enviando as informações para o banco de dados e, por isso, pode não se sentir motivado. Além disso, as grandes lojas terão custos para levantar o comportamento de cada cliente. “Quando ele negativa, tem o benefício direto de tentar receber a dívida.”

ConceitoPara Melchior Filho, o conceito do cadastro é excelente ao não tratar o bom pagador de forma generalizada, que acaba pagando juros mais altos por causa do mau pagador. Mas há outra dificuldade: a pessoa terá de autorizar a inclusão de seu nome e muita gente deve se negar por saber que não tem um bom comportamento geral. “O grande benefício será não penalizar a pessoa por causa de uma única conta que não foi paga por um motivo casual.”

O presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), José Evaristo dos Santos, não acredita que o cadastro resultará em queda dos juros para os bons pagadores e teme que haja uma discriminação sobre quem não está incluído nele. “Até que ponto você é considerado positivo? Quando o cliente deixa de ser? A base pode ser apenas compras bem pagas há muito tempo? E atualmente?”

ComplexidadeJosé Evaristo acredita que a interpretação e a operacionalização sejam complexas, pois o banco de dados terá de constar onde a pessoa comprou e a pontualidade das prestações.

A analista de crédito Sênior da Flávio’s Calçados, Werica de Oliveira, lembra que há muitos bons clientes que compram e pagam sempre bem, mas que acabam penalizados por algumas restrição no SPC. “Cada caso é um caso e deve ser analisado separadamente. O cadastro e o histórico de compras pode ajudar mais na avaliação”, prevê.

O diretor administrativo da rede Novo Mundo, Agenor Braga, prevê uma maior facilidade e agilidade na liberação de crédito e até juros mais baixos para os bons pagadores. Porém, será preciso que o lojista realmente esteja disposto a alimentar os cadastros compartilhando informações de seus clientes.

Para o diretor comercial da rede Fujioka, Carlos Alberto Yoshida, o cadastro deve facilitar a análise de crédito e pressionar as financeiras a oferecerem taxas diferenciadas para os bons pagadores, com bons históricos. “Só os bons clientes vão autorizar sua inclusão. Com essa ferramenta, será possível liberar o crédito, mesmo que haja alguma pequena restrição”, afirma o diretor. (Lúcia Monteiro)

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