quinta-feira, 28 de maio de 2009

Cheque ainda reina no crediário

Pesquisa revela que Goiás é o décimo Estado brasileiro que mais utilizou cheque pré-datado em abril, em 81,41% das transações


Apesar de ter perdido participação no faturamento do comércio varejista goiano, o cheque continua sendo usado para o parcelamento das compras, na forma de pré-datado. Uma pesquisa realizada pela TeleCheque revela que Goiás foi o décimo Estado brasileiro que mais utilizou o pré-datado em abril. Ele respondeu por 83,41% das transações com cheques no mês passado, acima da média nacional, que ficou em 80,6%.

O cheque pré-datado é usado quando a loja não aceita cartão de crédito ou débito, não parcela as compras sem juros no cartão.

O pré-datado foi utilizado em abril no segmento de calçados com 90,45% de participação, móveis e decoração (90,15%) e segmento automotivo (87,6%).

Mas o presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), José Evaristo dos Santos, lembra que o cheque vem perdendo participação sobre o faturamento do comércio, que foi de 18% no ano passado, por causa do crescimento do uso dos cartões de crédito e débito, que responderam por 39% das vendas.

A preferência do consumidor pelo cartão é explicada pela maior segurança e agilidade das operações, que ocorrem em tempo real. Porém, ainda há casos de empresas que resistem em aceitar cartões para fugir das taxas cobradas pelas operadoras, que chegam a 6% do valor da compra, e preferem assumir o risco da inadimplência. “São taxas caras, que pesam muito para as empresas de menor porte”, destaca Evaristo.

Muitas lojas têm no cheque pré-datado uma forma de capital de giro, pois ele pode ser repassado na compra de insumos ou descontado pelo lojista em bancos para antecipar o recebimento do valor, mediante o pagamento de juros. O comerciante Wellington de Oliveira Bessa, da Decore Móveis, prefere não trabalhar com cartões para fugir das taxas das operadoras, que ainda demoram a repassar os valores. “No cartão, o dinheiro fica bloqueado. No cheque, ele se torna um capital de giro que pode ser usado na compra de matéria-prima”, explica.

Wellington lembra que até o cartão de débito cobra taxa e garante que a inadimplência com o cheque ainda é pequena em relação ao custo cobrado do cartão. “Ficamos mais seletivos no recebimento do cheque para diminuir os problemas”, afirma.

Na Flávio’s Calçados, o cheque responde por apenas 10% das vendas, uma vez que a grande maioria das vendas é feita no crediário ou cartão de crédito. Mas, entre todos os cheques recebidos, 90% são pré-datados. Com ele, o cliente paga em até cinco vezes sem juros. O supervisor de crédito e cobrança da rede, Franco Júnior, diz que hoje há muitas pessoas endividadas com cartões de crédito e que voltaram a usar o cheque para comprar. “Se não houver restrição contra o cheque, a venda é feita, mesmo que a pessoa esteja no SPC por outro motivo qualquer”, destaca.

O diretor comercial da rede Fujioka, Carlos Alberto Yoshida, informou que as vendas com cheque caíram 5% este ano por causa da migração para o cartão, que é menos burocrático para a venda. “No cheque, a pessoa precisa preencher um cadastro mais completo para reduzir risco.”

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