sexta-feira, 13 de março de 2009

Homem rouba avião e morre ao lado da filha ao cair em shopping

Mais cedo, Kléber Barbosa havia espancado a mulher, que corre risco de morte no hospital de urgências


Eram 18h20 minutos. Dez mil pessoas se divertiam, faziam compras e trabalhavam no maior shopping da capital. Seria uma quinta-feira como outra qualquer, de grande movimento, mas um estrondo ensurdecedor – segundo descreveu o diretor técnico-administrativo do shopping, Miramedes Esteves de Matos – foi ouvido na porta principal do centro de compras.

O empresário Aguiner Rodrigues da Costa, de 62 anos, que acabara de estacionar sua picape e estava a dois metros da entrada, sentiu apenas um vácuo às suas costas. “Olhei para trás e vi meu carro completamente destruído. Podia estar morto agora.”

Aguiner da Costa sobreviveu a uma tragédia que vai ficar marcada na história da cidade. Quatro horas depois de tentar matar a mulher, Erika Barbosa dos Santos, de 22 anos, o desempregado Kléber Barbosa da Silva, de 32, possivelmente jogou sobre o shopping o avião monomotor em que voava com a filha Penélope Barbosa da Silva, de 5.

Apesar do grande número de pessoas que estavam no local no momento, o episódio teve apenas duas vítimas: Kléber e a menina. Os dois morreram na hora, em meio aos destroços da aeronave, Tupi, prefixo PT-VFI. Segundo as informações oficiais, 23 carros foram atingidos.

A tragédia começou a ser desenhada na hora do almoço, quando Kléber chegou ao apartamento onde o casal morava, em um prédio no Setor dos Afonsos, em Aparecida de Goiânia, e agrediu a mulher na frente da única filha do casal. Ele teria arrastado Erika e a menina até o carro, um Vectra branco, e dirigido até o quilômetro 118, da BR-060, nas proximidades de Teresópolis.

AgressãoNo local, Kléber parou o veículo e espancou a mulher usando o extintor de incêndio do veículo, causando lesão grave no crânio, com perda de massa encefálica. Ele abandonou Erika às margens da rodovia, acreditando que ela estava morta. Com a filha dentro do carro, foi até o Aeroclube de Luziânia, no Entorno do Distrito Federal.

Lá, usando uma desculpa de que pretendia locar o avião para um voo panorâmico com Penépole, rendeu o comandante, determinando que ele descesse do monomotor. Kléber estava armado. A Polícia Militar não soube informar qual o tipo de armamento era usado por ele.

Apaixonado por aeronaves – conforme a polícia e a família da mulher, era frequentador assíduo do aeroclube – Kléber roubou o avião e pilotou até Goiânia. Durante 40 minutos, monitorado por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e por um helicóptero do Grupo de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar (Graer), deu vários rasantes sobre a cidade.

Passou bem perto de um Boeing que acabara de pousar e da torre de controle do Aeroporto Santa Genoveva. Sobrevoou muito baixo o Hospital de Urgências de Goiânia ( Hugo), onde a sogra e a cunhada trabalham, e um prédio no Setor Pedro Ludovico, onde uma prima da mulher mora. No Buriti Shopping, na Avenida Rio Verde, divisa com Goiânia e Aparecida, aterrorizou visitantes do parque de diversões montado próximo ao shopping. A voo da morte terminaria pouco depois. A tragédia poderia ser muito maior.

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