segunda-feira, 30 de março de 2009

Endividado? Especialistas ensinam dez passos para 'sair do vermelho'

Juros do cartão e do cheque especial podem fazer dívida disparar. 'Trocar' dívida antiga por empréstimo consignado pode ajudar recuperação.


A crise econômica está fazendo com que as taxas de inadimplência no Brasil voltem a subir, após se manterem em níveis estáveis por vários anos. Dados do Banco Central (BC) mostram que a inadimplência está em trajetória de alta nos últimos cinco meses. Em março, o nível subiu para 8,3%, o patamar mais elevado desde maio de 2002.

“Muita gente começa a usar o cheque especial ou o cartão e não o salário como seu limite de consumo, com juros que podem chegar a 15% ao mês. Quando a pessoa não consegue cobrir o valor, começam a incidir juros sobre juros, a coisa vira uma bola de neve e a dívida dispara”, explica Carlos Daniel Coradi, da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores.

O G1 conversou com uma série de especialistas para descobrir as melhores rotas para quem procura “sair do vermelho” e deixar as dívidas para trás.

OS DEZ PASSOS PARA SAIR DO VERMELHO

Veja como se livrar das dívidas em tempos de inadimplência em alta

1. Conheça o tamanho de sua dívida. Visite todos os credores e peça para que eles descrevam em um papel oficial da instituição o valor exato e os itens que compõem o total de sua pendência.

2. Leve os papéis para a análise de um especialista. Talvez alguns itens possam ser deduzidos do total a ser pago, ou então o valor da dívida pode ter sido calculado de modo incorreto.

3. Guarde esses papéis. Mais tarde, eles podem funcionar como comprovantes em caso de uma disputa judicial sobre o valor da dívida.

4. Tente levantar o maior valor possível. Isso pode incluir a venda de um veículo ou de um terreno, ou mesmo um empréstimo tomado de um familiar. Até mesmo as jóias da família podem ser usadas em um momento de dificuldade.

5. Com esse dinheiro, faça uma oferta aos credores para o pagamento à vista de uma parcela de seu débito. Normalmente, esse tipo de oferta pode gerar o abatimento de uma parcela significativa da dívida.

6. Mude o perfil de sua dívida. Use o dinheiro de um empréstimo consignado – com mais parcelas e juros mais baixos – para cobrir as dívidas anteriores, especialmente no caso das pendências do cartão de crédito e do cheque especial.

7. Essa “troca” da dívida deve diminuir o número de credores, se possível para apenas um. Assim, evitam-se os riscos de muitas taxas para pagar, muitos boletos, com chances de perder um prazo ou deixar de pagar uma conta.

8. Caso não consiga unificar as dívidas, a prioridade de pagamento deve recair sobre aquelas com juros mais altos, especialmente o cartão de crédito. Sempre que possível, deve-se pagar o valor integral da parcela e não apenas o percentual mínimo.

9. Na hora de conversar com os credores, mostre que tem tem intenção de pagar a dívida, mas que está enfrentendo dificuldades. Bancos e financeiras tendem a aceitar uma redução no valor do débito em vez de ficar sem receber ou enfrentar os custos de um processo.

10. Adote uma postura preventiva antes de enfrentar uma dívida. Use o cartão de crédito e o cheque especial apenas em situações específicas, e somente quando tiver recursos para cobrir rapidamente os custos

Primeiros passos
Para quem tem contas no atraso, a primeira providência é se organizar. “Criar uma organização financeira básica é o passo mais importante, mas também o mais difícil”, afirma Fabio Gallo, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O primeiro passo é descobrir qual é o tamanho exato de suas dívidas e como elas são compostas. Assim, a recomendação é que se visite todos os credores e que se peça para que escrevam em um papel oficial da empresa, com assinatura, o valor e a composição do total. “Às vezes, bancos e financeiras gostam de colocar taxas de cobranças, advogados e uma série de itens que que não fazem parte da realidade daquele momento. Outro fator é que, infelizmente, alguns lugares incluem na dívida taxas que não são corretas, cálculos que não são adequados”, diz Gallo.

De posse desses papéis, eles devem ser levados para a análise de alguém que entenda do assunto, como um contador. Entidades como o Procon, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e até algumas centrais sindicais possuem esse tipo de serviço. Às vezes, essa providência pode reduzir de modo substancial o valor da dívida.

“Além disso, o fato desses valores estarem no papel é uma formalização. Mais tarde, se você entrar numa disputa judicial, esse papel é uma comprovação dos fatores que compõe sua dívida”, explica ele. A crise econômica está fazendo com que as taxas de inadimplência no Brasil voltem a subir, após se manterem em níveis estáveis por vários anos.

Dados do Banco Central (BC) mostram que a inadimplência está em trajetória de alta nos últimos cinco meses. Em março, o nível subiu para 8,3%, o patamar mais elevado desde maio de 2002.


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