quinta-feira, 26 de março de 2009

A crise na pecuária brasileira

A crise que assola a cadeia produtiva da carne parece estar longe de uma solução, com queda no consumo e nas exportações, fechamento de frigoríficos, demissões, calotes nos pecuaristas e descapitalização do setor. Um dos maiores frigoríficos do País fechou as portas de suas unidades em Senador Canedo, demitindo 1.100 funcionários, e em Mato Grosso do Sul. Em Jataí, o frigorífico que abate na região está fechado há meses, o mesmo ocorrendo em outros municípios do Estado, como Cachoeira Alta.

Os efeitos perversos dessa realidade atingem desde o pecuarista até o trabalhador das indústrias, de insumos, vacinas, medicamentos veterinários, arame e frigoríficos. São milhares de cidadãos, responsáveis pelo sustento de suas famílias, sem emprego e sem perspectiva, pois a crise financeira tira-lhes a expectativa de colocação em outras atividades da economia. Já os reflexos no governo são a redução dos impostos da comercialização da carne e de seus derivados e dos produtos agropecuários, e das contribuições trabalhistas.


Muitos frigoríficos em dificuldade financeira são vítimas da crise mundial, devido à redução das importações por parte dos países desenvolvidos. Outros foram imprudentes quando expandiram seus negócios além de suas capacidades financeiras, embarcando na euforia das crescentes exportações, na valorização exacerbada do preço da carne e nas facilidades para empréstimos no mercado financeiro. Agora não conseguem honrar seus compromissos junto aos pecuaristas, rompendo uma confiança indispensável para a sobrevivência do setor.


O produtor precisa ter segurança na hora de comercializar o seu rebanho, perdida hoje nos calotes dos frigoríficos. Milhares de pecuaristas venderam mas não receberam, entrando numa ciranda financeira complexa, pois devem bancos, lojas agropecuárias e o comércio. E não conseguem repor o rebanho comercializado e manter a sequência de seu negócio, o que leva à perda de patrimônio e à desestruturação financeira.


Num Estado como o nosso, onde a pecuária tem um peso significativo, com predominância na exportação de carne, os danos provocados pela crise podem causar sequelas profundas, que se não forem estancadas levarão o paciente – o pecuarista – para a UTI. Mesmo sendo uma crise de consumo no mercado internacional, o governo precisa, imediatamente, adotar medidas de recuperação do setor, devolvendo ao pecuarista a confiança no mercado, indispensável para a manutenção da cadeia produtiva da carne, dos negócios no campo e do emprego na cidade.

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