sexta-feira, 26 de junho de 2009

Inadimplência de empresas e famílias chega a nível histórico

Dificuldades com atraso de pagamentos ocorrem tanto para empresas quanto para famílias. Na média, inadimplência subiu em maio para 5,5%, contra 4,3% registrada há um ano

Brasília – O Banco Central informou ontem que a inadimplência média no crédito com recursos livres de direcionamento atingiu em maio 5,5% das operações, o maior nível desde setembro de 2000, quando o índice estava em 5,7%. Em abril a inadimplência no crédito livre tinha sido de 5,2%. Em maio de 2008, a taxa estava em 4,3%.

O aumento dos atrasos nos pagamentos aconteceu nos dois segmentos de crédito, pessoa física e jurídica.

Nos financiamentos às famílias, a parcela das operações com atraso superior a 90 dias chegou a 8,6%, o maior nível da série histórica do BC, iniciada em junho de 2000.

Antes dessa marca, o recorde anterior era de abril de 2009, quando a taxa estava em 8,4%. Em maio de 2008, a inadimplência na pessoa física era de 7,4%.

Nas operações para empresas, a inadimplência chegou a 3,2% em maio, o maior nível desde maio de 2001, quando estava em 4,2%.

Em abril de 2009, o índice estava em 2,9% e em maio do ano passado, em 1,8%.

Parada bruscaPara o chefe de departamento econômico do Banco Central, Altamir Lopes, o aumento da inadimplência em maio refletiu uma “parada brusca” nas fontes de financiamento.

“Muitas empresas e famílias não têm como rolar a dívida e isso leva a uma inadimplência maior”, disse.

A falta de recursos foi fruto da crise financeira internacional, que teve seu auge em setembro do ano passado. Quando isso ocorreu, os bancos passaram a ser mais seletivos na oferta de recursos, o que trouxe dificuldades para o tomador. Assim, o consumidor deixou de ter à disposição crédito mais barato, como o consignado e o direto ao consumidor, e teve que adotar linhas mais caras, como a do cheque especial.

Apesar do quadro negativo, Altamir traçou um quadro otimista para o futuro.

“Com a restauração das linhas, a expectativa é de que a taxa de inadimplência volte a cair”, previu.

Com a recuperação posterior do mercado, previu, há uma tendência de que o risco de calote fique menor e que o tomador volte e usar linhas menos onerosas.
Ele evitou, porém, indicar em que período isso deve ocorrer de forma definitiva.

A queda deverá ocorrer a partir da regularização plena das linhas de crédito”, limitou-se a dizer. Quando o quadro de crédito se consolidar, previu Altamir, a expectativa é de que se volte ao nível verificado antes do auge da crise financeira internacional.
“Agora é que os números estão mostrando aquele ápice da crise. Os números de agora mostram nada mais do que o que já ocorreu”, avaliou.

Para o chefe de departamento, a criação do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) foi fundamental para a volta do mercado de crédito “Tivemos depósitos expressivos a partir de meados de maio e isso bateu de pronto na pessoa física”, disse.

Para o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Pedro Bittar, a ferta de crédito tem retomado devagar, no entanto, as condições de juros ainda são bastante desfavoráveis.

“Para quem está endividado, continua pesado para fazer a troca da dívida por uma mais barata, pois os juros são penosos. Para o comerciante, existe um atenção maior quanto as compras a prazo”, disse Bittar. (Redação com AE)

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