Levantamento do BC mostra que o uso do cheque especial cresceu 23,5% em um ano. Dívida chega a R$ 16 bi

Um levantamento do Banco Central revela que, no último mês de dezembro, os brasileiros deviam R$ 16,042 bilhões no cheque especial, um volume 23,5% maior que no mesmo período de 2007,quando a dívida era de R$ 12,9 bilhões. No último mês de 2009, o consumidor ficou, em média, 21 dias com a conta no vermelho, mesmo com a ajuda do décimo terceiro.
O problema é o elevado custo deste dinheiro. Segundo a Pesquisa Mensal de Juros feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a taxa média de juros do cheque especial em dezembro e janeiro foi de 7,91%ao mês e 149,31% ao ano. Isso para uma taxa básica de juros (Selic) de 12,75% ao ano.
O empresário Humberto Soares Moura conhece bem o peso de uma dívida como essa. Ele conta que, depois de esgotar o limite de R$ 2 mil, seu banco elevou o crédito para R$ 3 mil, que também foi utilizado depois que a crise reduziu o volume de seus negócios.
Dois meses depois, a dívida já era de R$ 3.840,00. Para não ser negativado, ele parcelou a dívida no banco em 24 parcelas mensais de R$ 350, o que elevou o valor para R$ 8,4 mil, po causa de uma taxa mensal de 8,6%. “Isso me gerou muitos problemas. Quando terminar de pagar, não quero mais ter de usar de novo.”
O economista Marcus Antônio Teodoro, mestre em Finanças e autor do livro Erros e Acertos na Gestão do Dinheiro (Editora RF 2ª edição), lembra que a metodologia de cálculo utilizada pelos bancos, que embute outros custos, encarece ainda mais o valor da dívida no final. Daí a exigência de apresentação do Custo Efetivo Total (CET) nas operações de crédito.
Uma pessoa que utiliza o limite de R$ 1 mil do cheque especial por seis meses, com juros mensais de 8%, terá uma dívida de R$ 1,4 mil no final deste período. Essa diferença, literalmente jogada fora, é suficiente para comprar uma televisão de 21 polegadas. Para Marcus Teodoro, o problema está na facilidade de acesso ao crédito. “O dinheiro está na conta a qualquer hora. Não precisa nem ligar para o gerente, por isso acaba se tornando uma renda extra. Mas, na verdade, é uma grande despesa”, alerta o economista.
Ele adverte que a melhor alternativa é não usar esse dinheiro. Se precisar, é melhor liquidar a dívida o quanto antes. “É o mesmo que refinanciar a dívida com cartão de crédito”, destaca.
Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, economista coordenador da pesquisa da Anefac, o problema é que o brasileiro não tem nenhum conhecimento sobre juros. Uma pesquisa da instituição revelou que 95% dos brasileiros entram num financiamento sem saber qual a real taxa de juros embutida nas prestações. “Mesmo que a taxa seja de 12% ao mês, ele ignora. Só quer saber se a prestação cabe no bolso”, informa.
De acordo com o Banco Central, a taxa cobrada no cheque especial alcançou 174,9% ao ano, o maior valor desde junho de 2003, quando ela estava em 176,9%. Isso significa que, em 2008, os juros do cheque especial avançaram 36,8 pontos porcentuais, pois fecharam 2007 em 138,1% ao ano
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