sexta-feira, 17 de junho de 2011

Moradia

Construir está 15% mais caro

Preços do material de construção e da mão de obra sobem e elevam valores dos imóveis

José dos Santos em sua obra: peso dos reajustes de material Reajustes nos preços de material de construção, mão de obra cada vez mais escassa e cara e preços dos terrenos em disparada. Este cenário de custos mais altos das obras é encontrado hoje por quem está construindo ou reformando.

Estimativas de construtores e lojistas é de que o custo da construção aumentou, em média, 15% nos último meses, elevando os preços dos imóveis. Além disso, a liberação de financiamentos para compra de imóveis também já não está mais tão acelerada quanto antes.

O Custo Unitário Básico (CUB) da construção, divulgado pelo Sindicato da Indústria da Construção do Estado (Sinduscon-GO), subiu 5% de abril para maio e já acumula 9,6% de aumento nos últimos 12 meses (veja quadro) . Mas os aumentos pesam bem mais para os pequenos construtores, que se queixam de reajustes de até 15% no custo dos materiais e da mão-de-obra.

O pequeno construtor José dos Santos Carvalho, que está fazendo várias obras no momento, conta que está sentindo o peso dos reajustes de produtos como ferragens, pisos e vidros. Segundo ele, hoje está 20% mais caro construir. "Uma casa que eu vendia por R$ 100 mil no ano passado, hoje está em R$ 120 mil", informa Santos. Além do aumento do custo, outro problema atual é a escassez de financiamentos liberados pela Caixa Econômica Federal.

Cléber Gontijo, que está construindo 13 casas hoje, reclama do custo maior do ferro, cimento e materiais hidráulicos. A mão de obra também está entre 10% e 15% mais cara este ano. "A diária de um pedreiro já oscila entre R$ 75 e R$ 80 e a do servente sai por R$ 45. Eles querem ganhar muito mais que o piso do sindicato." Com isso, as casas ficaram até 20% mais caras.

Tijolo

O preço do milheiro do tijolo é um dos que mais subiu este ano. A gerente da Cemaco, Mônica Machado, informa que o preço passou de R$ 400 no ano passado para R$ 700 atuais. Os preços das louças também subiram quase 20%. Com isso, os clientes estão fazendo mais cotações e as vendas estão sendo mais trabalhadas. Para Mônica, outro problema foi a desaceleração dos financiamentos liberados pela Caixa. "Por isso, as vendas não estão tão aceleradas quanto deveriam nesta época do ano".

A opinião é compartilhada pelo empresário Pedro Ramos de Oliveira, proprietário da Madeireira 2000, que faz parte da Rede da Construção. Ele lembra que, nos anos anteriores, as vendas cresciam até 10% e este ano ainda estão empatando com o mesmo período de 2010. Segundo Pedro, os fornecedores culpam os custos operacionais, como salários, energia, matérias-primas e carga tributária, pelos reajustes de até 15%. "Os construtores estão colocando o pé no freio porque os financiamentos também não sendo liberados como antes", diz.

Rubens Nastar, gerente da Flamboyant Materiais de Construção, diz que o preço do tijolo passou de R$ 540 para R$ 640 nas últimas semanas. Já a barra de ferro passou de R$ 15,90 para R$ 16,99. Mas, para ele, mesmo com os aumentos, as obras continuam aceleradas porque os construtores querem aproveitar o período de estiagem.

O preço dos terrenos também têm assustado quem está construindo. O empresário Edson Paiva, que está fazendo duas casas, também reclama do preço do tijolo furado, encontrado por mais de R$ 600 o milheiro. Mas, para ele, o que mais está pesando é o preço dos terrenos em Goiânia. "Um terreno que eu comprei por R$ 100 mil, hoje estão querendo R$ 140 mil, o que está inviabilizando o início de novas obras", explica.

Combustíveis

Para o presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção em Goiás (Acomaco-GO), Leonardo de Lelis Rocha, até os reajustes nos preços dos combustíveis no início do ano ajudaram a elevar os preços dos materiais para construção. O aquecimento do mercado no ano passado também impulsionou os preços este ano. "Porém, este ano as vendas ainda não decolaram. A esta altura, deveria estar bem mais aquecido", avalia Leonardo.

Para as grandes construtoras, o que mais pesou foi o aumento médio de 10% concedido aos trabalhadores da construção na data base do setor. O diretor de Economia e Estatística do Sinduscon-GO, Ibsen Rosa, lembra que algumas categorias tiveram reajustes até maiores. "Este custo é quase metade do CUB", destaca. Ele dá o exemplo de sua própria empresa, onde o salário médio de um pedreiro passou de R$ 1.600 para R$ 1.800 e o dos serventes subiu de R$ 800 para R$ 900. "Hoje, os profissionais ainda ficam buscando as melhores ofertas das empresas."

Ibsen confirma o fato do governo também estar segurando mais o crédito habitacional este ano, o que afeta diretamente a venda de imóveis. Nesta época de estiagem, quando a demanda é mais aquecida com a entrada mais fortemente dos pequenos construtores no mercado, ele avisa que ainda há pressão por reajustes de alguns produtos, como o aço e do tijolo, que devem continuar elevando o custo neste mês de junho.

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