quinta-feira, 2 de junho de 2011

Endividamento

33% dos goianienses dizem não ter como pagar dívidas


Cartão de crédito e cheque especial lideram endividamento do consumidor goianiense, diz pesquisa

01 de junho de 2011 (quarta-feira)

Depois da euforia de crédito em 2010, boa parte dos goianienses amarga hoje dívidas que prometem se arrastar por um bom tempo. Mais de 33% dos moradores da capital têm ou terão problemas para liquidar as suas pendências. A constatação é da pesquisa sobre Endividamento do Consumidor, divulgada ontem pelo Centro de Pesquisas Econômicas e Mercadológicas (Cepem) das Faculdades Alfa.

O número de consumidores endividados e sem perspectiva para pagar é recorde na série histórica. A primeira edição da pesquisa, realizada em 2008, mostrava que 23% estavam inadimplentes. "O aumento de 10 pontos porcentuais no número de endividados revela que a oferta de crédito começa a trazer suas consequências", afirma o coordenador do estudo, Aurélio Troncoso.

Mais endividado, o consumidor inadimplente pode frustrar as expectativas de vendas para o Dia dos Namorados - considerada a terceira melhor data de maior vendas do comércio local, só perdendo para o Natal e Dia das Mães.

Para Troncoso, os aumentos da Selic, feitos pelo Banco Central para frear o consumo e manter a inflação sob controle, mostra seus efeitos reversos. Apesar de tentar forçar o consumidor a se endividar menos, a alta dos juros levou à diminuição da produção e, por consequência, aumento dos preços dos produtos. "Como o consumidor não para de consumir, acaba pagando mais e ficando com dívidas maiores."

O economista da Alfa diz acreditar que, de posse dos resultados da pesquisa, o lojista ainda deve planejar suas ações de Dia dos Namorados, como dimensionar melhor o estoque. "No ano passado, havia menos pessoas endividadas. Este ano, devemos ter mais compras à vista, já que o consumidor deve não querer mais dívida."

Causa

Cartão de crédito e cheque especial estão entre as principais modalidades de endividamento dos moradores da capital. Mas, conforme Troncoso, o maior vilão é o próprio consumidor. Na busca pela satisfação, agem por impulso ou sensação. "Cerca de 30,4% responderam quase sempre agir por impulso e 19,6% disseram sempre", afirma o economista. Na prática, 50% agem por impulso.

"O problema não está no cartão ou no crediário. É na impulsão por comprar. Esse processo é também responsável pelo aumento dos endividados nos últimos três anos." Assim, a bola de neve das dívidas cresce, dificultando a liquidação.

Quem não consegue liquidar suas dívidas, diz não conseguir planejar o orçamento familiar. Cerca de 37,5% disseram que recorrem ao cheque especial. O fato mais curioso, porém, é que, para 31,2%, o cartão de crédito é um complemento de salário, o que favorece o endividamento.

Quanto à quitação, 32,1% disseram ter dívidas constantes. "Esse fato é preocupante", alerta Aurélio Troncoso. O processo de endividamento pode ser verificado entre os 39% que têm problemas em liquidar suas dívidas com cartão de crédito. O problema se agrava com a falta de reservas dos consumidores. Mais de 44% não têm poupança.

"Essas respostas são preocupantes num momento em que a inflação brasileira começa a dar sinais de aquecimento, fazendo com que os gestores de políticas econômicas passem a utilizar de ferramentas de controle inflacionário, com o aumento da taxa Selic", lembra Troncoso.

0 Comentar: