sexta-feira, 10 de junho de 2011

Comércio

Nem inadimplência nem juros altos seguram vendas a prazo


Crediário nas lojas cresce mesmo com restrições do governo e o aumento do calote

As vendas a prazo continuam crescendo, apesar das medidas de restrição ao crédito do governo federal. Com os juros e o Imposto sobre Operações Financeira (IOF) maiores, o custo do financiamento subiu e os prazos foram até alongados para adequar o valor da prestação ao orçamento do consumidor. Porém, o comércio lojista está mais preocupado com a inadimplência, que aumentou 8,2% no último mês, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Os lojistas informam que as taxas de juros no crediário aumentaram apenas 0,5 ponto porcentual, o que não foi suficiente para produzir um grande impacto no valor das parcelas mensais a ponto de afugentar o consumidor. Na rede Novo Mundo, o gerente comercial José Roberto Souza informa que as vendas no carnê aumentaram.

Segundo ele, com o custo do financiamento maior, o mercado flexibilizou os prazos para facilitar a compra para o consumidor. A média histórica de parcelamento era em oito vezes. Hoje, já passa de dez. Antes, a loja vendia em até 15 meses e, hoje, vende em até 20 parcelas. "Fizemos promoção de uma lavadora em 20 vezes de R$ 69 e batemos recorde de vendas."

juros

Para José Roberto, a influência da alta de juros acaba sendo pequena porque as empresas absorvem parte dos aumentos para continuar vendendo. Isso aconteceu no Dia das Mães e deve continuar para o Dia dos Namorados, quando é grande a venda de produtos tecnológicos, que requerem prazos maiores de pagamento. "O consumidor só pára de comprar se há risco de desemprego". Ele reconhece que houve um aumento da inadimplência, mas nada preocupante a ponto de restringir o crédito.

Ontem, a encarregada de produção Juliana Gomes Tortela comprou um aparelho de home theater em dez parcelas de R$ 89,90. Para ela, ainda está fácil financiar uma compra no comércio. "Só procuro evitar os juros do crediário. Hoje, é melhor parcelar porque à vista é o mesmo preço", justifica. Ela diz que não tem medo de se endividar porque o mercado de trabalho está aquecido.

Na Flávios Calçados, as vendas a prazo também continuam a todo vapor. O gerente comercial da rede, Genésio Batista Franco Júnior, informa que a participação das vendas parceladas no crediário próprio passaram de 50% de janeiro a junho de 2010 para 53% este ano. Segundo ele, as pessoas estão evitando mais o cartão de crédito depois das recentes mudanças que elevaram o limite mínimo de pagamento da fatura.

Por outro lado, ele também reconhece que a inadimplência aumentou 1,5 ponto porcentual, o que obrigou a rede a estudar medidas para controle da situação. A ordem é endurecer um pouco as regras para a concessão de crédito nas novas compras. Mesmo assim, para o Dia dos Namorados, a expectativa é vender 10% mais que em 2010.

As vendas a prazo também continuaram crescendo na rede Fujioka. O diretor comercial Carlos Alberto Yoshida acredita que o parcelamento neste mês dos namorados deve ser 10% maior que em junho do ano passado. Ele lembra que o parcelamento facilitou o acesso da população, principalmente da classe C, a novas tecnologias, como o smartphone e o computador. Hoje, a loja vende em até 15 vezes. "A faixa etária dos namorados consome muito estes produtos, que são adquiridos com parcelamento."

Cautela

Apesar da empolgação do comércio em relação às vendas para este Dia dos Namorados, a quarta elevação seguida na taxa de inadimplência reforçou a cautela do varejo, na opinião do economista e presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior. Para ele, o sinal que já estava amarelo ficou ainda mais preocupante. "Não apenas o governo deve agir, mas também os empresários do varejo, não concedendo crédito além da capacidade do consumidor em honrar seus compromissos."

Após iniciar o ano com baixa de 10,09%, a inadimplência acumula alta de 3,61% nos cinco primeiros meses do ano. Em maio, as consultas ao SPC já cresceram 7,7% em relação ao mesmo período de 2010. Com a proximidade do Dia dos Namorados, os cancelamentos de registros aumentaram porque o consumidor procura reativar o crédito para comprar.

Para o presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), José Evaristo dos Santos, o comércio sentiu os reflexos da restrição ao crédito e o aumento da inadimplência significa endividamento. "Um aumento de 0,5 ponto ao mês significa 6 pontos porcentuais no ano

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