sábado, 17 de outubro de 2009

Mais uma vez, o horário de verão

Vale a pena economizar energia elétrica no horário de pico, em detrimento da saúde e da segurança da população? E é justamente este o objetivo do horário de verão, que, mais uma vez, altera a nossa rotina com o objetivo de levar a uma economia que não alcança o grau de pelo menos apreciável.

Bruno Rocha

A população brasileira deveria ter todo o direito de ser consultada sobre essa importante questão através, talvez, de um referendo, que poderia ser encaixado no processo eleitoral. E, com certeza, o resultado seria contrário à adoção deste horário. Talvez há cerca de 25 anos, quando voltou a ser adotado no Brasil, o aumento em uma hora durante quatro meses do ano tivesse uma justificativa plausível e fundamentada.

Especialistas e profissionais da área concordam que a saúde do trabalhador, das crianças, mulheres, idosos e estudantes fica comprometida neste período de quatro meses do horário de verão. Há interferência na qualidade do sono, na alimentação e no organismo de uma maneira geral.

Além da saúde, a segurança é outro item que não é considerado pelos burocratas e técnicos que defendem a adoção do horário de verão no Brasil. Os estudantes e trabalhadores saem cedo, quando ainda está escuro no horário alternativo, o que aumenta a probabilidade de assaltos e outras formas de violência.

É preciso olhar para o lado humano, para uma melhor qualidade de vida do cidadão. É inadmissível que, após tantas conquistas importantes, uma boa parcela da população brasileira ainda tenha de se sacrificar para que, no final, seja anunciada uma economia irrisória de energia. O ser humano não conta? Dá-se mais valor à economia, em números, do que na própria vida?

Uma noite mal dormida, provocada pela alteração do horário, leva à insônia, irritação, falha na memória e dificuldade para produzir. Também pode levar ao estresse, o que acaba comprometendo todo o organismo.

Muitos já se pronunciaram contrários á adoção do horário de verão no Brasil, mas em nenhum momento o discurso foi suficiente para acabar com este sacrifício imposto à população. É preciso repensar sobre a eficácia deste horário. No Brasil, não há muito sentido em se adotar o horário como nos países europeus e nos Estados Unidos, pois, sendo de clima temperado, a oscilação de consumo de energia altera significativamente entre as estações, principalmente por causa do gasto energético com aquecimento dos ambientes, o que não é o nosso caso. Em nosso País, os sacrifícios da população são muito maiores do que a pretensa economia de energia.

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