quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Inadimplência em Goiás cresceu 5,36% em 2010

O grande crescimento das vendas em Goiás no ano passado, que ficou acima da média nacional, trouxe consigo o fantasma do aumento da inadimplência no Estado. O número de consumidores goianos que foram incluídos nos registros do Serviço do Proteção ao Crédito (SPC), por não conseguirem quitar suas dívidas, cresceu 5,36% em 2010, enquanto o Brasil registrou uma queda de 2,23% no mesmo período.

Os dados do SPC Brasil mostram que o número de consumidores que conseguiram quitar suas dívidas e sair do cadastro negativo não cresceu na mesma velocidade dos registros em 2010. Em Goiás, o número de cancelamentos aumentou apenas 1,83% em relação a 2009.

A maioria dos registros têm entre um e dois anos de idade e a maior parte das dívidas é de até R$ 100, mostrando que os consumidores de baixa renda têm mais dificuldade para quitar seus débitos.

Para o economista da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Fernando Sasso, o crescimento mais acentuado da inadimplência em alguns Estados é fruto da dinâmica dos mercados regionais. "Quem vende mais, tem um risco maior de aumento da inadimplência", destaca Fernando.

Ele lembra que a elevação das vendas foi resultado de um cenário mais confiante no ano passado, com maior oferta de crédito e alongamento dos prazos de pagamento, o que aumenta o risco de inadimplência. Mais inseridas no mercado consumidor, as classes C e D também podem enfrentar momentos de complicação em sua vida financeira devido à falta de maturidade para o controle dos gastos. "Muitas dessas pessoas só consideram o valor das prestações, fazem compras por impulso, não avaliam o comprometimento da renda e acumulam dívidas."

Para o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Goiás (FCDL), Melchior Luiz Duarte de Abreu Filho, esse aumento da inadimplência não chega a preocupar os lojistas. Ele lembra que houve uma queda no volume de cheques devolvidos em 2010 e o varejo não tem registro de um grande volume de reclamações de aumento da inadimplência.

"Uma prova é que não foi preciso fazer a campanha de recuperação de crédito no final do ano passado porque os próprios lojistas acharam que não era necessário", explica Melchior. Para ele, esse aumento da falta de pagamento, detectado pelo SPC Brasil, é consequência natural do forte crescimento das vendas, recorde em 2010. O volume de vendas do comércio varejista goiano aumentou 13,2% de janeiro a novembro, segundo o IBGE.
Crédito farto foi decisivo
O presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio-GO), José Evaristo dos Santos, ressalta que o faturamento do setor no Estado cresceu 12% no ano passado. "Só isso já justificaria um aumento das inclusões no SPC", destaca.

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